ANTONIO PRADO
ALEGRE E.S
ANTONIO PRADO (COLATINA)
Em setembro de 1888, chegaram os imigrantes destinados às
diversas seções do Núcleo Colonial Antonio Prado, que se
estendia de São Jacinto até o atual Munícipio de Colatina, A
sede estava na confluênc:a do Rio Mutum com o Santa Maria do
Rio Doce.
A segunda leva chegou em dezembro do mesmo ano, e a
terceira, em março de 1889, Todas as três viagens foram
feitas no Adria, que, segundo, registros antigos, tinha
capacidade para transportar até duas mil pessoas. Mas, a
viagem a que nos referimos não tinha o menor conforto, pela
grande promiscuidade; compensada, em parte, pela educação e
instrução da maioria dos imigrantes, todos alfabetizados.
Pelo que apuramos, aliás, nessa leva estavam portadores de
brazões e gente apurada, que empunhou a enxada e o machado,
pegou o duro..., no Rio Doce!...
Durava a travessia do oceano dezenove a vinte e cinco dias,
nessas três viagens. Mas, os da primeira, nem todos foram
para o Rio Doce. Alguns ou muitos, seguiram para Anchieta,
Alfredo Chaves e Castelo.
Chegados a Vitória, ficavam os viajantes na Hospedaria da
Pedra d’Água.
Depois, em canoas, os do Rio Doce eram transportados até o
Porto de Santa Leopoldina. Daí, seguiam, a pé, carregando às
costas seus pobres pertences ou haveres, até a concentração
na Barra do Mutum (Boapaba), onde o chefe da Colonização,
Dr. Gabriel Emílio da Costa, distribuía os lotes do Núcleo
Colonial Antonio Prado.
A jornada era a pior que se possa imaginar. No porto do
Cachoeiro, recebiam punhados de roscas para sua alimentação.
Somentes roscas! Iam daí através de picadas, até Santa
Teresa; desciam o Rio Perdido até o Santa Maria do Rio Doce,
passando por São Roque, em busca do ponto terminal dessa via
dolorosa: a Barra do Rio Mutum.
Além desses imigrantes, que se estabeleceram no Rio Doce e
seus afluentes, outros vieram de Santa Teresa, descendo
pelos rios Mutum, São Jacinto e Baunilha.
A parte do Núcleo Colonial Antonio Prado, de que estamos
tratando, somente recebeu o nome de Colatina a 9 de dezembro
de 1889, dada pelo Dr. Gabriel da Costa, homenagem à esposa
do Dr. Muniz Freire, Dª. Colatina. O Dr. Muniz Freire muito
se interessava pela imigração no Espírito Santo. O lugar,
antes, era Povoado da Barra.
O nome de Antonio Prado tinha igualmente sua razão: no
Relatório de 1886, do Presidente Antonio Joaquim Rodrigues,
lemos que o Cons. Antonio da Silva Prado, Ministro da
Agricultura, ciente das necessidades da nossa lavoura, era
incasável em procurar meios de atrair corrente imigratória
para o Brasil.
Sem recursos para a vida, os imigrantes trabalhavam quinze
dias, para o Governo, abrindo estradas e construções de
barracões. Com o resultado compravam ferramentas, alimentos
e iniciavam suas próprias colônias. O título de propriedade,
ou escritura, era expedido, quando completavam o pagamento
dos lotes.
Lutaram os imigrantes, com as maiores dificuldades, pela
falta de assistência médica e de escolas para seus filhos!
Mas, como Ibiraçu, Colatina foi feita pelo braço forte dos
imigrantes italianos. É um orgulho da imigração, no Espírito
Santo.
Já, em 1933, dizia, profético, o Dr. Xenócrates Calmon: “Ai,
vem, desassombrada no seu ímpeto, indomável na sua coragem,
altiva no seu patriotismo, e vibrante e vigilante, a
mocidade riodocente, a mocidade, que há de governar e
dirigir a terra que lhe serviu de berço.
“Ela aí está nas escolas, para a arrancada gloriosa,
disposta a levar a terra aos seus gloriosos destinos”.
Colatina, hoje, é a Princesa do Norte.
Dentre as numerosas famílias com sobrenomes italianos,
portanto descendentes, anotamos as seguintes:
Acerbi Arpini Baracchi Barbieri Bartoni Bendinelli Benedetti
Bernardina Bertonni Bongiovanni
Borghi Boscaglia Bravin Brocco Brumatti Busatti Caldara
Caliman Camata Campagna Campi Capelli
Cappi Casagrande Catabriga Ceolin Ceonotelli Cherotto
Chieppi Cipriano Contandini Corradi
Corsini D´Isep Dal´Horto Dellacqua Dellapicola Doná Fachetti
Fachetti Favoretti Feroni
Ferrari Fidelon Foleto Forza Franzotti Fratinelli Frechini
Fulianeto Gabrielli Gagno Galimberti
Galletti Gallo Galon Gamberti Garbini Gatti Gava Giacomin
Girondelli Giuberti Giurizatto
Gobbi Gon Guerra Juliatti Lavagnolli Linhales Lorenzzoni
Luppi Maestri Magnago Mantovani
Marchesini Margotto Marino Martinelli Massaro Meneghelli
Mignone Nardi Negrelli Negri Oleari
Oliva Pagani Pandini Pavan Pecoari Pellizzon Perini Pernini
Piccin Presti Pretti Quinzan Ribon
Romano Rossoni Sabaini Scarton Schettini Serafini Signorelli
Spelta Sperandio Torezani Tozetti
Trepadini Vago Varnier Zanotelli Zanotti Zucolotto
Na década de 1920, foi constituída a Compahia Territorial de
Colonização, para o Norte do Rio Doce, com sede em Colatina.
Sua Diretoria era formada pelo Dr. Atílio Vivacqua, Cel.
Idelfonso Brito e Artur Oberlander Tibau.
Procedido o levantamento da área concedida pelo Estado à
referida Compahia, para colonizar, vários Agentes foram
destacados para convidar interessados e conduzi-los à
região, oferecendo-lhes lotes e vinte e cinco ou cinqüenta
hectares, raramente glebas maiores, e facilidades para seu
pagamento. Dentre esses Agentes, destacaram-se os Srs.
Alberto Ceolin, Guilherme Simonatto, Bortolo Malacarne e
outros, que devassaram toda a região, localizando, aí,
centenas e centenas de famílias, procedentes do Sul do
próprio município, e do Sul do Estado, na maioria oriundas
de antigos imigrantes.
Desse movimento migratório, bem de acordo com os planos da
referida Compahia, em certos pontos da área surgiram núcleos
urbanos, como Marilândia, Novo Brasil (que. antes da Segunda
Grande Guerra, chamava-se Nova Itália), Km 61, São Domingos,
Palha (agora São Gabriel da Palha), Bananal, São Pedro de
Marilândia e São Rafael.
E assim, Colatina cresceu e prosperou, com o trabalho e a
inteligência dos itatlanos e seus descendentes. Dentre
estes, Br. Raul Giuberti, médico de renome, foi Senador,
Prefeito de Cotatina e exerceu Interinamente o mandato de
Governador do Estado (10/10/1959). O Dr. Ermelando Serafini
é advogado ilustre, O Dr. Paulo Stefenoni vai se
desempenhando com brilhantismo no cargo de Prefeito
Munlcipal.
Além de outras viagens de vapores destinados ao transporte
de imigrantes notemos que. em outubro de 1888, o Adria
voltou com quatrocentos e vinte e três italianos para o
Itapemirim; oitenta e sete para São Mateus e dezesseis para
Santa Leopoldina. O Vapor Mario trouxe setecentas e duas
pessoas, que seguiram, em parte, para Santa Cruz, no
Mayrink; outra parte foi para Anchieta e Itapemirim, no
Maria Pia.
O Adria não Interrompia suas viagens, no transporte de
imigrantes. Na terceira viagem de 1889, entre outras
famílias, estava a de Zama Carloni: sua mulher Marcina
Malaguetti e três filhos, André, Romeu e Aldo. Foram, com
outros companheiros de viagem, que sabiam ofícios,
principalmente mecânica, para a fazenda do Dr. Arminio
Guaraná, em Santa Cruz, onde estava sendo montada uma usina
de açúcar. O pequeno André, no futuro, tornar-se-ia uma
figura operosa e querida, na Capital do Espírito Santo.